O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
Para vocês que se preocuparam com o meu filhote. Hoje foi à consulta e já tirou o gesso. Ainda vai ter que andar mais uns dias com as canadianas para não voltar a fazer asneiras.
Como estes últimos tempos me tenho esquecido um pouco de mim e da minha saúde, ontem fui á médica para pedir a eco e a mamografia. A médica é super querida, começamos a falar e quando dei por ela, já chorava como uma "madalena arrependida". A tensão acumulada nestes últimos tempos, saiu toda cá para fora. Falei dos meus medos, das minhas angustias, das minhas alegrias, das minhas saudades e fez-me bem. Pelo menos sai de lá mais leve. Com uma carrada de exames para fazer. Nada de calmantes, isso agora era uma bomba. Mandou ter muita calma, relaxar muito, sair uns dias daqui e libertar-me de tudo. Claro que falar é fácil, como ela disse, mas tenho mesmo de pensar mais um pouco em mim. Hoje já foi daqueles dias que começou com o stress às 7 da manhã e que se prolongou até há pouco tempo. Agora vai ser um jantarinho ligeiro e ir cedinho para a cama.
"Se eu não gostar de mim, quem gostará?"
"Há tanta suavidade em nada dizer e tudo se entender."
Fernando Pessoa
"Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela."
Carlos Drummond de Andrade
Tenho tentado levantar um pouco a cabeça, tenho tentado não pensar naquilo que nestes últimos dias me tem apoquentado, mas por vezes torna-se difícil, muito difícil.
O meu pai continua internado, as cicatrizes não saram, já lhe começaram a dar as injecções de insulina, ligaram-lhe os pés, pois já está a fazer ferida. Ontem falei com a mulher dele. Ela que estava sempre a animar-me, a dizer que tinha fé e que tudo ia correr bem, ontem senti na voz dela um desalento tão grande que nem consigo explicar. Senti que aos poucos está a perder toda aquela garra que sempre me quis transmitir. Sei que é difícil para ela estar todos os dias lá e ver que as melhoras não são nenhumas. Custa-me tanto estar longe e não poder ir lá as vezes que me apeteça. Custa-me que sejam elas que estejam a aguentar tudo sozinhas. Mas entenderam que neste momento não posso sair daqui, o meu filho precisa de mim, a minha filha também.
Tal como ela aos poucos estou a perder a fé. Tento convencer-me do contrário, mas é tão difícil.
O que será que o futuro me reserva???
Depois destes últimos tempos terem sido um bocado conturbados, as coisas estão a voltar à normalidade. Ando super cansada, é o trabalho, é a atenção que o meu filho requer, é mais a inquietação da minha filha começar desde hoje a fazer medicação para a tensão arterial... Mas com força de vontade vou conseguir, é tão difícil ser mãe/pai ao mesmo tempo.....
Mas o resultado destes últimos tempos vem a seguir, eu bem tenho tentado resistir, mas torna-se tão, mas tão difícil
Muito deste aqui......
...... estes de sobremesa......
..... e estas para aliviar o stress.....
...tem como resultado isto.... calças
que vestidas uma vez deixam de servir...
e o malvado do pneuzito que teima em
aparecer....
Soluções.......... precisam-se rápido...
O verão está aí e já tenho as férias
marcadas e o bikini(zinho) pronto
Aqui está o meu "pikeno", mais a sua perna postiça. Já se arranja bem com as canadianas e já está mais animado. Hoje já foi às aulas, claro que para alguns colegas foi uma surpresa. Mas correu tudo bem. Agora é esperar pelo dia 28 de Abril para ir à consulta e saber o que o médico vai dizer.
O meu pai, tem uns dias assim-assim, tem dias maus.... Agora só o tempo dirá se vai recuperar. Começa a renascer a esperança que provavelmente ele recupere.
Eu cá me tenho aguentado, uns dias mais animada, outros dias mais em baixo, mas como parece que o tempo vai mudar e vamos ter sol, estou a arrebitar aos poucos. Graças a vocês que foram um apoio fundamental nestes dias, o meu agradecimento.
Não prometo, mas vou tentar logo visitar os vossos cantinhos e comentar.
Sorte, porque vocês me acompanharam nestes dias que foram um inferno para mim.
Sorte, porque vocês estiveram aí a dar apoio e a deixar palavras de conforto.
Sorte, porque vocês são daqueles amigos que toda a gente quer ter.
Sorte, porque é nestes momentos que os amigos aparecem para apoiar.
A todos vocês o meu muito obrigado.
Passarei para a semana a dar mais noticias, agora preciso mesmo de descansar.
Mas será que esta maré de azar não me deixa em paz?
Houve um pouco de melhoras no estado do meu pai. Agora tocou ao meu filho. Ontem na aula de Ed. Fisíca fez uma entorse no pé. Como não estava inchado, julguei que fosse só mesmo uma entorse. Hoje tive que o levar mesmo ao hospital. Tem o osso do pé estalado e para não haver o perigo de rasgar o tendão e ter que ser operado, o médico achou por bem imobilizar o pé. A foto mostra como ele está. E agora? Sinto-me a perder as forças, a querer desistir. Porque ele? Eu sei que estas coisas estão sempre a acontecer, mas tinha que ser agora? Sinceramente, não acredito em bruxas, mas acho que desta vez alguma me deitou mau olhado mesmo.
Como me sinto?
Além do cansaço fisico que é enorme, a cabecinha está a variar um bocado.
Depois de em Dezembro ver um homem forte, energico e cheio de vontade de viver, hoje fui encontrar uma sombra daquilo que ele é.
Tentei, mas não consegui, eu que sempre estou aqui para apoiar quem de mim precisa, hoje deixei-me ir abaixo. Aqueles tubos todos, aquelas máquinas constantemente a apitar, aquela sala branca, impessoal, tudo isso mexeu comigo.
Pode não ter sido o melhor pai do mundo, podemos ter as nossas divergências, os nossos feitios completamente diferentes e que muitas vezes chocaram, mas não deixa de ser o meu pai. Que raio, se sofri com as dores dos outros, se fiquei triste pelos outros, porque não o posso ficar por ele, que me deu a vida .
Desde já o meu agradecimento ao Visitante e a Raquel, que estiveram lá, que deram uma palavra de conforto, de carinho. Não queria que esta vez fosse assim, mas toca a todos.
Obrigado pelos vossos comentários, que para além de me deixarem feliz, também me deixaram com lágrimas nos olhos pelo vosso apoio.
Quando me sentir em condições, volto para responder aos vossos comentários.
"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre que o amor, eis
que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que
não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos.
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm
noção de quanto me são necessários, de como são indispensáveis...
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo.
A gente não faz amigos, reconhece-os"
Vinicius de Moraes