... para as quais nunca estamos preparados....
Na semana passada o meu filho disse-me que a mãe de um colega estava doente. Na altura pensei que estivesse com gripe ou algo parecido. Mas quando ele me disse que já lhe tinha caído o cabelo, parei e perguntei-lhe o que se passava. Claro, miúdos, acho que é um caroço no peito.... Vi logo que a coisa era mais complicada, mas desisti de fazer perguntas. Hoje por acaso, encontrei a avó do miúdo e claro, ela viu-me crescer e a cumplicidade é muita, perguntei o que se passava. A senhora ficou logo com os olhos cheios de lágrimas e disse que o carcinoma era no peito, mas já tinha atingido a coluna e que as coisas estavam muito feias. Ela, a mãe, não teve uma vida fácil, enveredou por caminhos que não devia, andou muito tempo perdida, mas agora estudava, por sinal é muito boa aluna, está a tirar criminologia e os resultados eram excelentes. O miúdo foi entregue a avó que o criou desde os 3 anos.... agora que mãe e filho se estavam a reencontrar, a viver a relação que existe entre mães e filhos, a vida troca-lhes as voltas. Não é justo... é revoltante... isto não devia acontecer... ela é uma miúda com 30 e poucos anos, que cometeu erros no passado, mas que agora estava a corrigi-los. Tenho pena daquele miúdo, daquela avó, daquela rapariga que sabe que não lhe resta muito tempo de vida, mas que, diz ela, está em paz. Cortou-me o coração ouvir aquela avó.... Hoje estou como o dia, triste e cinzenta...